SERVIÇO: JOAQUIM BATISTA DE SENA, ANO 100
DIA: 23 DE MAIO DE 2012
(QUARTA-FEIRA)
LOCAL: MIS – Museu
da Imagem e do Som do Ceará
Barão de Studart, 410 – Bairro Meireles –
Fortaleza – CE
Tel: (85) 3101-1204
Informações: (85) 9675-1099 (Klévisson
Viana)
(85) 9999-7908 (Paulo de Tarso)
2012 é o ano
do centenário de um dos maiores expoentes da Literatura de Cordel, o paraibano
Joaquim Batista de Sena, que durante mais de quatro décadas palmilhou o
Nordeste inteiro produzindo, imprimindo e revendendo seus folhetos. A partir da
década de 1950 instalou o seu ‘quartel general’ em Fortaleza, onde fundou a
Tipografia Graças Fátima, responsável pela publicação de seus próprios cordéis
e também boa parte da criação literária de José Camelo Rezende, de quem
adquiriu diversos originais. Romancista de primeira linha, Sena procura seguir
a mesma trilha deixada por Camelo, Leandro, Athayde e outros gênios da poesia
popular.
Mas não
desdenhava o folheto-reportagem que também foi um de seus trunfos para
conquistar a simpatia popular. Qualquer crime hediondo, enchente, desastre
automobilístico, aparecimento de entidades sobrenaturais não escapava ao seu
poder de observação, como se vê no folheto ‘O monstro do Cemitério São João
Batista’ que trata de um curioso tema: a necrofilia. Entretanto, foi na
passagem da imagem milagrosa de Nossa Senhora de Fátima, em 1953, que alcançou
o seu apogeu como editor, percorrendo todo o itinerário da imagem pelo Nordeste
afora. Ganhou tanto dinheiro que acabou batizando sua folhetaria com o nome de
“Graças Fátima”. Antes disso, no início da década de 1940, durante a Segunda
Guerra Mundial, sofreu um naufrágio na baía de Quebra-Potes, no Maranhão,
quando o navio em que viajava foi perseguido por um submarino alemão. Conseguiu
salvar-se nadando, mas perdeu uma preciosa mala contendo diversos originais,
dos quais não possuía outra cópia.
Hoje a obra
de Sena parece naufragar em outros mares... o mar do esquecimento, do
ostracismo a que vem sendo relegada a sua valiosa produção poética. Nada mais
justo que a o Ponto de Cultura Cordel
com a Corda Toda da AESTROFE –
Associação de Escritores, Trovadores e Folheteiros do Ceará, com o apoio da
ABC-Academia Brasileira de Cordel e CECORDEL- Centro Cultural dos Cordelistas
do Nordeste, faça essa justa homenagem ao poeta, relançando três expressivos
romances de sua lavra na passagem do seu centenário. São eles “Os Amores de
Chiquinha e As Bravuras de Apolinário”, “História de Braz e Anália” e “História
de João Mimoso ou O Castelo Maldito”.
*****
JOAQUIM
BATISTA DE SENA - nasceu no dia 21 de maio de 1912, em Fazenda Velha, do termo
de Bananeiras, hoje pertencente ao município de
Solânea-PB. Faleceu no distrito de Antônio Diogo (Redenção-CE) no início
da década de 90 do século recém-findo. Autodidata, adquiriu vasto conhecimento
sobre cultura popular e era um defensor intransigente da poesia popular
nordestina. Começou como cantador de viola, permanecendo três anos neste
ofício, no final da década de 30.
No início da
década de 40, vendeu um sítio de sua propriedade e adquiriu sua primeira
tipografia, que funcionou algum tempo na cidade de Guarabira-PB, transferindo-se
depois para Fortaleza, onde atuou durante muitos anos. Dizia-se discípulo de
Leandro Gomes de Barros e era admirador incondicional de José Camelo de Melo.
Na capital cearense, sua tipografia adotou o nome de “Graças Fátima”. O poeta
explicava a razão desse título: durante a passagem da imagem peregrina de Nossa
Senhora de Fátima pelo Nordeste, na década de 50, ele conseguiu ganhar muito
dinheiro vendendo folhetos sobre a visita da santa, ampliando consideravelmente
seus negócios. Por essa época, foi vítima de um naufrágio da Baía de
Quebra-Potes (Maranhão). Salvou-se nadando, mas perdeu uma mala de folhetos, contendo diversos
originais.
Em 1973
vendeu sua gráfica e sua propriedade
literária para Manoel Caboclo e Silva e tentou estabelecer-se no Rio de Janeiro,
também no ramo da literatura de cordel, mas não foi bem sucedido. De volta ao
Ceará, ainda editou alguns folhetos de sucesso, como o que escreveu em parceria
com Vidal Santos, sobre o desastre aéreo da Serra da Aratanha (Pacatuba-CE),
onde faleceu, dentre outros, o industrial Edson Queiroz.
Sena
era um grande poeta, de verve apurada e rico vocabulário. Conhecia bem os
costumes, a fauna, a flora e a geografia nordestina, motivo pelo qual seus
romances eram ricos em descrições dessa natureza. Pode-se dizer que com a sua
morte, fechou-se um ciclo na
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